Por Lucilene Fernandes
Nas aulas do 8º ano em nossa escola o tema Revolução Industrial foi tratado de forma interdisciplinar em História e Geografia, levando a uma melhora dos resultados de aprendizagem dos alunos se comparado a outros temas trabalhados de forma específica/isolada por apenas uma das duas disciplinas da área de Ciências Humanas.
A interdisciplinaridade se realiza de diversas maneiras. Geralmente imaginamos uma atividade interdisciplinar quando dois ou mais professores de disciplinas diferentes realizam uma atividade integrada, revezam-se na orientação de um determinado projeto. A interdisciplinaridade porém também pode se realizar numa postura do professor que apresenta atividades e conteúdos de sua disciplina relacionadas diretamente a um trabalho realizado em outra disciplina do currículo.
A sequência didática desenvolvida nas aulas de História partiu da aprendizagem em Geografia e envolveu leitura coletiva, gincana e análise de texto.
Atividade diagnóstica para o trabalho complementar efetivo
As aulas de História do 8º ano que trataram do tema Revolução Industrial partiram do trabalho desenvolvido nas aulas da disciplina de Geografia. E como fazer isto? A maneira encontrada foi tão simples quanto essencial escutar os alunos e fazer um diagnóstico. E a ferramenta utilizada para isso foi o mapa de ideias coletivo.
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| Alunos constroem coletivamente o mapa de ideias sobre "Revolução Industrial" |
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| Aluna Maria Julia apresenta o mapa de ideias construído pela turma |
A partir desta atividade diagnóstica, a contextualização e a reflexão sobre as consequências históricas do processo de Revolução Industrial ficaram muito mais completas e significativas para a turma de alunos. As aulas de fato partiram do conhecimento que eles já possuíam.
"Deixe claro" os objetivos
A análise de texto nas aulas de história utilizou uma técnica de leitura direcionada do próprio livro didático. Estimulando o protagonismo diante de sua aprendizagem e a corresponsabilidade pelo processo desenvolvido, a técnica utilizada foi a apresentação das habilidades previstas no Guia de Aprendizagem com questões correspondentes às mesmas.
Assim a turma foi lendo coletivamente o texto didático não na sequência do livro, mas na sequência em que as questões eram propostas de acordo com a habilidade a ser desenvolvida. Sabendo a habilidade e a questão a ser respondida, ficam "claros" para o aluno o objetivo da aula e as questões centrais que envolvem o tema estudado.
Esta abordagem eliminou aquela velha questão típica de alunos "O que vai cair na prova, professor?". Os alunos sabem quais habilidades serão aferidas na avaliação.
*A técnica "Deixe claro" está descrita com muita propriedade na obra "Aula Nota 10", do Professsor Doug Lemov, apresentada em ATPA de Ciências Humanas na formação continuada sobre o tema "Gestão de Sala de Aula" .
Aula gamificada
Na sequência da leitura direcionada, os alunos foram desafiados numa gincana sobre o tema.
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| Aluno sorteia questões na gincana. |
Este tipo de atividade foi uma forma bem simples e rápida de mudar a mecânica da aula, utilizando a estrutura gamificada. Trocamos a lista de exercícios por uma competição entre dois grupos que sorteavam questões e respondiam, acumulando pontos para a equipe. A gincana também incluiu provas práticas simples que criavam momentos descontraídos na atividade, como competição de aviões de papel (reflexão sobre transporte), acertar a hora do relógio de ponteiros e acerto no alvo (reflexão sobre controle do tempo).
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| Prova de aviões de papel e tiro ao alvo descontraem a aula |
Os resultados alcançados mostram que o trabalho complementar entre as disciplinas foi muito positivo. Além de relatos dos alunos de que o assunto foi mais fácil e a aula diversificada, a análise da avaliação final realizada mostra boa aprendizagem:
- 75,1% de domínio médio das habilidades trabalhadas na turma
- 71,4% dos alunos com resultados adequado ou avançado no resultado final
- 14,2% dos alunos com resultado básico no resultado final
- 14,2% dos alunos com resultado abaixo do básico
