Na última sexta-feira, dia 31 de maio de 2019,
tivemos a honra de receber a Terapeuta
Ocupacional Psicomotrista, Adriana Farinas com vasta experiência na área de Psicomotricidade.
Essa foi mais uma ação em parceria com o Grupo Mulheres do Brasil e contou
também com a participação da Presidente do grupo Cristina.
A terapeuta iniciou a apresentação salientando que
para aprender o indivíduo deve observar três aspectos básicos: Social; Biológico;
Cognitivo. Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido
através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos,
relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente. Nesse enfoque
centrado na aprendizagem, o conhecimento é construído e reconstruído continuamente. A criança que apresenta
uma dificuldade de aprendizagem requer
uma maneira diferente de aprender. Ela pode ter um obstáculo, uma
barreira, um sintoma, que pode ser de origem tanto cultural quanto cognitiva ou
até mesmo emocional.
A sigla, DEA: Dificuldades específicas de
aprendizagem, é um tipo de desordem neurodesenvolvimental que compromete a
capacidade para aprender, capacidades que são específicas e que dão base de
outras competências acadêmicas. A Incidência na
população escolar é de : 5% a 15%, o que causa graves desvantagens aos sujeitos
por ela afetados nas áreas; Pessoal; Acadêmica; Profissional.
Sendo
que as principais dificuldades observadas são: Disgrafia; Disortografia; Dislexia; Discalculia; Dispraxia e Síndrome de
Irlen.
Refere-se as
caracterísiticas chave das DEA – pelo menos um dos seis sintomas de
dificuldades de aprendizagem, que tem de
persisitir pelo menos, seis meses, apesar da ajuda extra ou uma instrução
específica: Leitura lenta; Dificuldades em perceber o significado do que ler; Ortografia
pobre; Expressão escrita em déficit; Dificuldade em recordar fatos numéricos e Raciocíno
matemático impreciso.
A origem do DEA está no aspecto biológico, por se
tratar de um transtorno do neurodesenvolvimento e inclui também uma interação
de fatores genéticos, ambientais e epigenéticos, o que influencia a capacidade
do cérebro para processar ou perceber as informações, tanto verbais como
não-verbais.
A Neuroplasticidade estuda e comprova que estímulos
sensoriais aumentam as sinapses. Mais sinapses, mais habilidades diferentes.
Sendo assim, quanto mais recursos sinestésicos o professor usa, mais o alunos
tem chance de aprender; pois aprender é fazer novas sinapses. Sinapse interpreta o meio ambiente, através dos sentidos, recebe no tálomo e de lá são
encaminhados para as áreas
correspondentes.
Por outro lado, se a
criança estiver exposta a muitos estímulos ao mesmo tempo, podem “sufocar e
gerar um stress em algumas crianças”. A experimentação diária da criança, dará
argumentos para os educadores mediar os estímulos.
Os estímulos sensoriais são: Auditivos; Visuais; Táteis; Proprioceptivos; Vestibulares;
Gustativos e Olfativos.
Propriocepção: O
termo Propriocepção refere-se à consciência do nosso prórpio corpo. É através deste sentido
que nós sabemos a posição do nosso corpo, como está e que partes estão em
movimento e quais as que não estão em movimento.Os receptores estão localizados
nos músculos, articulações e
ligamentos. Estes estão
permanentemente a enviar informações ao cérebro sobre a posição do nosso corpo, além das
contrações e relaxamentos dos
músculos.
Trabalhar o sistema vestibular favorece: Controle Postural; Movimentos oculares; Ajuste
da posição da cabeça em relação ao movimento; Extensão contra a gravidade; Coordenação
motoral bilateral e Orientação ao espaço.
Sistema Tatil: localiza-se na nossa pele e é a fronteira entre o nosso corpo e o mundo à nossa
volta. É esse sistema que controla a
reação a tudo o que nos toca. Todos
nós necessitamos de toque para nos mantermos
saudáveis.Este sistema ajuda-nos a aprender uma competência essencial ao ser humano: regular as suas respostas ao meio que nos rodeia.
Sistema auditivo: O nosso sistema auditivo tem os receptores
no ouvido interno, captando as ondas sonoras que irão entrar no sistema de processamento sensorial. Esta
informação auditiva irá juntar-se com a informação que vem do sistema vestibular, visual e
proprioceptivo. É a integração da informação auditiva com a dos outros sistemas
que nos torna capazes de interpretar os sons que nos são significativos, como o
da fala.
Integração sensorial: O cérebro tem de analisar a informação de todos os
sistemas sensoriais para que possa organizar uma resposta adequada. Dependendo
do processamento da informação de todos os sistemas sensoriais, assim será a
adequação da resposta da criança.
Psicomotricidade:
É uma ciência da área da Saúde e Educação que
estuda o ser humano em sua totalidade, respeitando as leis embriológicas e a fundamentação
neurológica do cérebro de Luria. Ciência de resultado, é imediato, quanto mais o
corpo fica enriquecido, melhores são as condições
de aprendizagens.
Tônus: É ele quem organiza
a atenção tônica, que por sua vez favorece a memória, imprescindível para
qualquer aprendizagem como primeira unidade funcional: Tônus é o alicerce
fundamental de qualquer aprendizagem; Reflexos;
Fator de suporte para qualquer forma de expressão; A tonicidade abrange
qualquer forma de comunicação social não verbal e o Freio inibitório.
Esquema e imagem
corporal: “A
evolução da criança é sinônimo de conscientização e conhecimento cada vez mais
profundo do seu corpo, a criança é o seu corpo, pois é através dele que a
criança elabora todas as suas experiências vitais e organiza toda a sua
personalidade”. Ajuriaguerra. É a
organização das sensações relativas ao próprio corpo, que o indivíduo vai
interiorizando a localizar as diferentes partes através dos estímulos que recebe do meio ambiente. Assim vai
reconhecendo seu corpo e torna-se capaz de identificar e localizar as diferentes partes do corpo,
suas posturas e atitudes em relação ao mundo exterior.
Lateralização: Correlaciona-se
a aprendizagem da noção de direita e esquerda. Segundo Spionnek, divide este
conceito nas seguintes etapas: A criança distingue os dois lados do corpo; A
criança compreende os dois braços que estão ao lado do corpo, mas ignora
direita e esquerda; Diferencia os dois olhos, mãos e pés; Noção das
extremidades D/E e a noção das partes do corpo; Inicia a precisão dos dois
lados do corpo – nomeando-as corretamente (7 anos em diante).
Praxia Global: Controle
motor: Envolve
a organização da atividade consciente e a sua programação, regulação e
verificação. Está constituído por um conjunto de informações espaço-temporais,
proprioceptivas, posturais, tônicas e intencionais. Objetivo: executar um ato
motor voluntário.
Crianças atípicas: TEA –
Transtorno do Espectro autismo; Transtornos Globais ou
Invasivos do Desenvolvimento; (TGD) que incluía, além do Autismo e a Síndrome
de Asperger, a Síndrome de Rett, e o Transtorno Global do Desenvolvimento sem
outra especificação (TGDSOE). TEA – recentemente abrangeu a Asperger, Autismo e
TGDSOE. As crianças atípicas tem direito garantida pela lei, por serem
incluídas e estimuladas a realização pessoal e profissional Garantidos Recursos
Práticos como: Anamnese - Histórico da
Criança; Observação Diária; Aspectos Sensoriais; Aspectos Psicomotores; Comportamental;
Acompanhamento Terapêutico; Medicação; Tratamento; Restrição Alimentar; Adaptação curricular; Tutor; Banco
de apoio; Localização na sala; Quadro de rotina – Fichas; Recursos visuais; Puff
e almofada; Lápis Grosso se necessário; Régua de Apoio; Som Reduzido, evitar
sinais; Hora de descanso sensorial, Saídas com objetivos.
As orientações, dicas e
mecanismos apresentados pela Terapêuta Adriana Farinas, impactaram na
qualificação profissional da nossa equipe e qualificaram as ações que envolvem
crianças atípicas em nosso ambiente escolar.
A escola, enquanto responsável na
formação do indivíduo, precisa acompanhar as mudanças da sociedade. A questão
da inclusão de crianças atípicas na rede regular de ensino, insere-se no
contexto das discussões, cada mais em evidência, relativas à integração de
pessoas portadoras de deficiências enquanto cidadãos, com seus respectivos
direitos e deveres de participação e contribuição social.
Por: Simone da Silva de Paula
Professora Coordenadora Geral