terça-feira, 4 de junho de 2019

FORMAÇÃO DE PROFESSORES COM FUNDAMENTOS BÁSICOS PARA O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS ATÍPICAS




Na última sexta-feira, dia 31 de maio de 2019, tivemos a honra  de receber a Terapeuta Ocupacional Psicomotrista, Adriana Farinas com vasta experiência na área de Psicomotricidade. Essa foi mais uma ação em parceria com o Grupo Mulheres do Brasil e contou também com a participação da Presidente do grupo Cristina.
A terapeuta iniciou a apresentação salientando que para aprender o indivíduo deve observar três aspectos básicos: Social; Biológico; Cognitivo. Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas     mentais e o meio ambiente. Nesse enfoque centrado na aprendizagem, o conhecimento é construído e reconstruído  continuamente. A criança que apresenta uma dificuldade de aprendizagem requer  uma maneira diferente  de  aprender. Ela pode ter um obstáculo, uma barreira, um sintoma, que pode ser de origem tanto cultural quanto cognitiva ou até mesmo  emocional.

A sigla, DEA: Dificuldades específicas de aprendizagem, é um tipo de desordem neurodesenvolvimental que compromete a capacidade para aprender, capacidades que são específicas e que dão base de outras competências acadêmicas. A  Incidência na população escolar é de : 5% a 15%, o que causa graves desvantagens aos sujeitos por ela afetados nas áreas; Pessoal; Acadêmica; Profissional.
Sendo que as principais dificuldades observadas são: Disgrafia; Disortografia; Dislexia; Discalculia; Dispraxia e Síndrome de Irlen.
Refere-se as caracterísiticas chave das DEA – pelo menos um dos seis sintomas de dificuldades de  aprendizagem, que tem de persisitir pelo menos, seis meses, apesar da ajuda extra ou uma instrução específica: Leitura lenta; Dificuldades em perceber o significado do que ler; Ortografia pobre; Expressão escrita em déficit; Dificuldade em recordar fatos numéricos e Raciocíno matemático impreciso.
A origem do DEA está no aspecto biológico, por se tratar de um transtorno do neurodesenvolvimento e inclui também uma interação de fatores genéticos, ambientais e epigenéticos, o que influencia a capacidade do cérebro para processar ou perceber as informações, tanto verbais como não-verbais.

A Neuroplasticidade estuda e comprova que estímulos sensoriais aumentam as sinapses. Mais sinapses, mais habilidades diferentes. Sendo assim, quanto mais recursos sinestésicos o professor usa, mais o alunos tem chance de aprender; pois aprender é fazer novas sinapses. Sinapse interpreta o meio ambiente, através dos    sentidos, recebe no tálomo e de lá são encaminhados  para as áreas correspondentes.
Por outro lado, se a criança estiver exposta a muitos estímulos ao mesmo tempo, podem “sufocar e gerar um stress em algumas crianças”. A experimentação diária da criança, dará argumentos para os educadores mediar os estímulos.
Os estímulos sensoriais são: Auditivos; Visuais; Táteis; Proprioceptivos; Vestibulares; Gustativos e Olfativos.

 Propriocepção: O termo Propriocepção refere-se à consciência do    nosso prórpio corpo. É através deste sentido que nós sabemos a posição do nosso corpo, como está e que partes estão em movimento e quais as que não estão em movimento.Os receptores estão localizados nos músculos,    articulações e ligamentos. Estes estão    permanentemente a enviar informações ao cérebro    sobre a posição do nosso corpo, além das contrações    e relaxamentos dos músculos.
Trabalhar o sistema vestibular favorece: Controle Postural; Movimentos oculares; Ajuste da posição da cabeça em relação ao movimento; Extensão contra a gravidade; Coordenação motoral bilateral e Orientação ao espaço.

Sistema Tatil:  localiza-se na nossa pele e é a fronteira    entre o nosso corpo e o mundo à nossa volta. É esse  sistema que controla a reação a tudo o que nos toca.    Todos nós necessitamos de toque para nos mantermos    saudáveis.Este sistema ajuda-nos a aprender uma competência    essencial ao ser humano: regular as suas respostas    ao meio que nos rodeia.

Sistema auditivo:    O nosso sistema auditivo tem os receptores no ouvido interno, captando as ondas sonoras que irão entrar no   sistema de processamento sensorial. Esta informação auditiva irá juntar-se com a informação que vem do    sistema vestibular, visual e proprioceptivo. É a integração da informação auditiva com a dos outros sistemas que nos torna capazes de interpretar os sons que nos são significativos, como o da fala.
Integração sensorial: O cérebro tem de analisar a informação de todos os sistemas sensoriais para que possa organizar uma resposta adequada. Dependendo do processamento da informação de todos os sistemas sensoriais, assim será a adequação da resposta da criança.

Psicomotricidade:
É uma ciência da área da Saúde e Educação que estuda o ser humano em sua totalidade, respeitando as  leis embriológicas e a fundamentação neurológica do   cérebro de Luria. Ciência de resultado, é imediato, quanto mais o corpo   fica enriquecido, melhores são as condições de  aprendizagens.
  
Tônus: É ele quem organiza a atenção tônica, que por sua vez favorece a memória, imprescindível para qualquer aprendizagem como primeira unidade funcional: Tônus é o alicerce fundamental de qualquer aprendizagem; Reflexos; Fator de suporte para qualquer forma de expressão; A tonicidade abrange qualquer forma de comunicação social não verbal e o Freio inibitório.

Esquema e imagem corporal: “A evolução da criança é sinônimo de conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo, a criança é o seu corpo, pois é através dele que a criança elabora todas as suas experiências vitais e organiza toda a sua personalidade”.  Ajuriaguerra. É a organização das sensações relativas ao próprio corpo, que o indivíduo vai interiorizando a localizar as diferentes partes através dos estímulos  que recebe do meio ambiente. Assim vai reconhecendo seu corpo e torna-se capaz de identificar  e localizar as diferentes partes do corpo, suas posturas e atitudes em relação ao mundo exterior.

Lateralização: Correlaciona-se a aprendizagem da noção de direita e esquerda. Segundo Spionnek, divide este conceito nas seguintes etapas: A criança distingue os dois lados do corpo; A criança compreende os dois braços que estão ao lado do corpo, mas ignora direita e esquerda; Diferencia os dois olhos, mãos e pés; Noção das extremidades D/E e a noção das partes do corpo; Inicia a precisão dos dois lados do corpo – nomeando-as corretamente (7 anos em diante).

Praxia Global: Controle motor: Envolve a organização da atividade consciente e a sua programação, regulação e verificação. Está constituído por um conjunto de informações espaço-temporais, proprioceptivas, posturais, tônicas e intencionais. Objetivo: executar um ato motor voluntário.

Crianças atípicas: TEA – Transtorno do Espectro autismo; Transtornos Globais ou Invasivos do Desenvolvimento; (TGD) que incluía, além do Autismo e a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Rett, e o Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação (TGDSOE). TEA – recentemente abrangeu a Asperger, Autismo e TGDSOE. As crianças atípicas tem direito garantida pela lei, por serem incluídas e estimuladas a realização pessoal e profissional Garantidos Recursos Práticos como: Anamnese  - Histórico da Criança; Observação Diária; Aspectos Sensoriais; Aspectos Psicomotores; Comportamental; Acompanhamento Terapêutico; Medicação; Tratamento; Restrição  Alimentar; Adaptação curricular; Tutor; Banco de apoio; Localização na sala; Quadro de rotina – Fichas; Recursos visuais; Puff e almofada; Lápis Grosso se necessário; Régua de Apoio; Som Reduzido, evitar sinais; Hora de descanso sensorial, Saídas com objetivos.
As orientações, dicas e mecanismos apresentados pela Terapêuta Adriana Farinas, impactaram na qualificação profissional da nossa equipe e qualificaram as ações que envolvem crianças atípicas em nosso ambiente escolar.





A escola, enquanto responsável na formação do indivíduo, precisa acompanhar as mudanças da sociedade. A questão da inclusão de crianças atípicas na rede regular de ensino, insere-se no contexto das discussões, cada mais em evidência, relativas à integração de pessoas portadoras de deficiências enquanto cidadãos, com seus respectivos direitos e deveres de participação e contribuição social. 

Por: Simone da Silva de Paula
Professora Coordenadora Geral